sábado, abril 19, 2008

Cadê o cinema brasileiro?

O filme brasileiro já entra em cartaz (quando entra) pago. Aliás, ele só começa a ser rodado depois de já ter boa parte da grana arrecadada (o dinheiro vem do imposto deduzido das empresas investidoras). Como não há o compromisso de fazer o filme render, nunca sobra dinheiro pra distribuição e divulgação. O que acabou transformando o cinema nacional num processo mastubatório. Unicamente feito pro gozo de seus realizadores. Não chega ao povo. Mesmo os grandes sucessos, como Meu nome não é Johnny, chegam a 2 milhões de espectadores com grande comemoração. A grande maioria é muito pouco vista no cinema e poucos chegam ao vídeo. Muito pelo preço do ingresso, mas muito mais por falta de uma boa política de distribuição.

Em 2007, foram feitos 83 filmes no Brasil. Eu, que vi e vejo muito, se cheguei a uns 15 foi muito. Se você perde na única semana que ficam em cartaz (e olhe lá!) e nos festivais, não acha mais pra ver em lugar nenhum. Claro que tem os blockbusters e a propaganda maciça em cima deles tomando o lugar dos nacionais, mas isso é mais um motivo pra se investir em distribuição, dando aos brasileiros acesso aos filmes.

Veja o exemplo de Garotas do ABC. Se tivesse a mesma estratégia (?) de lançamento de Tropa de elite, que se popularizou pela boca dos vendedores de piratas pelos centro e periferia do Rio, teria sido, de repente, bem mais visto. Ou teria ao menos chegado às pessoas do universo retratado no filme.

Essa situação levou Carlos Reichenbach, o diretor de Garotas do ABC e em cartaz com Falsa loura, a se perguntar: “Qual é a relevância de se fazer filmes no Brasil?” (no Segundo Caderno de O globo da última sexta – 18/04/08). A resposta dele: “Essa relevância está em se fazer um tipo de cinema que nos ajude a entender o tempo de hoje.” Muito válido. Toda arte tem esse papel fundamental. Eu só tenho uma questão: entendimento de quem?


5 comentários:

Unknown disse...

Menina assisti ul filme brasileiro, que só valeu mesmo foi pela companhia e pela oportunidade de falar sobre os guarani kaiowá 3 minutos antes do filme começar. Que bom que você vai enviar a carta, quero pedir também que se eles, o governo, reponder pra você sobre a questão, você me avise, ou avise diretamente a FIAN, ok? Bom domingo!!!

Andréa disse...

Mando bem, Tici. Sempre foi e continua sendo uma verginha a distribuição de filmes brasileiros no próprio Brasil, comparada com a dos estrangeiros, principalmente os americanos. É ridículo. O governo não ajuda ninguém, nem o cinema, nem o teatro. Eu queria que as pessoas fossem ver filmes brasileiros e peças de teatro em vez de ir a shows da Ivete Sangalo, por exemplo. Mas, cadê o apoio? Cadê a divulgação e o incentivo? É muito triste isso.

Andréa disse...

Quis dizer "mandou bem" e "vergonha". He.

Gabi disse...

Eu assino embaixo da Dé, minha gostosuda nova iorquina !

Unknown disse...

Tici estava lendo com muita atenão a frase de Bertold Brecht e gostando ainda mais. Estudei o cotidiano de uma comunidade quilombola há uns 5 anos e achei a frase dele ótima. Não conhecia. Minha orietandora com certeza também vai gostar.