terça-feira, dezembro 25, 2007

Natal de quê?

Entre o cinismo do não gostar do Natal e o politicamente correto de se entusiasmar com a data, fico eu. Porque pra mim não há nada de tão fantástico no Natal que me faça entusiasmar, pró ou contra.
O propósito é interessante: comemorar o aniversário de um revolucionário. Um cara que teve coragem de pregar a igualdade entre os homens num mundo (até hoje) concebido na exploração de uns por outros. E isso independe da real existência da figura. A idéia basta.
A forma é promíscua: consumismo avassalador e destrinchamento de aves que não têm nada com a história. Além do endeusamento de um velho de hábitos estranhos.
Na prática, para mim, acaba sendo uma reunião em família, como tantas outras.

segunda-feira, novembro 19, 2007

essa vida... putz grila.

Oi Nika!
A vida é foda. Passa tão loucamente e são tantas picuinhas menores que nos aporrinham todo o tempo que acabamos deixando coisas que realmente valem pra trás. O que na verdade é muito por nossa culpa. Um pouco por preguiça, outro tanto por desleixo... E aí ficamos sem nos falar todo esse tempo. Absurdo dos absurdos. Na verdade eu morro de saudades e você também, eu bem sei.
Por aqui a vida corre na mesma toada. Nenhuma grande novidade, além da sobrevivência diária aos tantos percalços que se apresentam prontos pra nos deixar imóveis. E isso já é tanta coisa. Na verdade é isso a vida. Todo o resto são planos na abstração que é o futuro. O que vale mesmo é essa labuta do tempo presente. E tenho lutado, chorando pelos poros (salvo, é claro, nos dias de chuva). E sou mais adulta hoje. Desde que me falta a terceira perna que me sustentava num tripé, sem cair mas também sem seguir em frente, como em A paixão segundo GH de Clarice.
Na contra-mão de tudo isso, o que quero de você não é saber do dia a dia. Isso é tão inevitável e corre tão independente de nossa interferência. Quero nossa conversa impalpável. Quero toda a nossa filosofia Quero nossas revoluções de mesa de bar.
Estou aqui. A mesma. Com uma saudade que não tem tamanho.
Te amo.
tici

segunda-feira, outubro 22, 2007

Mídia alternativa

Por um bom tempo eu andei alheia ao que se noticiava no Brasil, por vontade própria. Os meios tradicionais de comunicação, que sempre olhei desconfiada, começaram a me enojar de tal forma, mais outras mudanças me `oferecidas´ pela vida... Enfim, promovi o afastamento. Mas sempre fui atenta ao mundo, informada, informante. Essa posição alheia não era minha, por definição de personalidade.
Até que descobri o mundo blogueiro, do qual já faço parte há tempos, mas sempre numa outra vertente. Descobri a mídia alternativa. Nesse meio, não se camufla opinião na forma de fato. É mesmo uma troca de opiniões diversas, aberta, às claras. Cara a cara. É desvendada a manipulação da mídia corporativa todo o tempo. É permitido o contraditório.
Não é possível ler O Globo e assistir ao Jornal Nacional e achar que o mundo se resume a isso. Os que se auto proclamam “formadores de opinião” tem que começar a questionar os meios de que se utilizam para se informar sobre o mundo. A imprensa é hoje o maior poder político, não só no Brasil, mas em quase todos os países, principalmente os de democracia instável, como o Brasil.
A notícia tratada como produto, direcionada aos que vão consumir o que é anunciado nas propagandas, tem o objetivo de massificar a informação, eliminando a análise ampla e mantendo o status quo que viabiliza seus lucros e seu poder.

quarta-feira, agosto 29, 2007

eu sem tu sem eu

é feito dia que o sol não vem
nem desce a chuva redentora
fica aquele negrume impedindo o anil
e a noite vem sem estrelas
logo elas, que tenho ouvidos pra ouvir

quinta-feira, agosto 16, 2007

Farewell

Em 17 de agosto de 2007, 20 anos sem Drummond.

Meu verso é minha consolação.
Meu verso é minha cachaça. Todo mundo tem sua cachaça.
Drummond

Talvez mais do que nos poemas em si, a poesia seja boa mesmo inundando a vida. E não sei o que seria desse mundo vasto mundo sem Drummond. O que seriam das pedras no caminho, das bruxas soltas nas zonas de luz, do josés, das Itabiras, dos amores que não tenho e desse anjo torto aqui na sombra.
Teu verso é minha cachaça.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Planejamento familiar

Na escola onde minha irmã trabalha, uma menina de 12 anos está grávida. 12 anos! Está na terceira série. É provável que mal saiba ler (com esse sistema de aprovação automática, que até funcionaria se tivesse implantado em sua totalidade, com as salas de recurso auxiliando os alunos com maior dificuldade). A mãe de uma outra aluna de 9 anos está grávida do sétimo filho. Isso aos 24 anos. Imagina se essas duas mantêm o ritmo? Aos 40 anos terão quase 30 filhos. Sem contar os netos e, quiçá, bisnetos.
O futuro deles não é difícil prever.
Não adianta a informação sobre como prevenir a gravidez, o acesso aos anticoncepcionais e tudo mais. É importante a consciência sobre o porquê se prevenir. Ou vence a lógica do ‘onde come um, come dois’; a lógica da mãe profissional, com seus filhinhos espalhados pelo sinal esmolando a féria do dia.
É até delicado pensar num controle de natalidade mais rígido. Mas é fundamental pensar em pelo menos algum controle. Ou vai ser difícil andar pra frente.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Dear daddy

O notebook é o melhor presente desde a caquicleta, a bicicleta que nasceu num pé de caqui, no meu aniversário de nove anos.

domingo, agosto 05, 2007

A vida é doce

Me desculpe a poeira nos móveis,
a falta do pó de café.
Desculpe a ironia excessiva na voz,
o desperdício dos gestos tão bruscos.

Toda a inutilidade em cada palavra.

Desculpe a desordem do corpo,
o cansaço.
A vida sem novidade e toda essa falta de riso.
Desculpe o momento abatido,
a falta de pudor na cara de choro,
o olhar perdido estendido demais.

Me desculpe o que incomoda
e o que não tem razão de ser.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Curtas

Prozac
Às vezes penso, que seria do mundo moderno sem os inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Bom, do mundo inteiro fica bem complicado dizer, mas da minha vidinha... ô...

Coisas que enchem o saco
Cidadão revoltado em fila de banco.

Você, ainda hoje
Paixão é um estado afetivo agudo, absorvente, dominante e tiranizante. A paixão polariza a vida psíquica do indivíduo na direção de um objeto único, o qual passa a monopolizar os sentimentos e as ações em detrimento de tudo o mais. E eu adoro.

quinta-feira, agosto 02, 2007

sob medida

Eu e minha torta idéia de justiça.
Rompendo com o mundo
desbravando novos cantos
onde tudo é permitido.

Meu vasto mundo de desordem
solto em meio a uma constelação qualquer.

Minha vida, meu canteiro.
Pronto pra mim.
Pra quem quer que não tenha medo,
não meça palavras
e não deixe de sair em dias de chuva.

terça-feira, julho 31, 2007

Que assim seja

Que a vida me tome com uma avassaladora onda de prazer,
que me tire dos eixos,
me vire do avesso, sacuda, destrua.
Que se insinue pra mim despida, desnuda
de roupa, de tédio, de idéias ou ideais.
Que me venha crua, mas pronta.
Que me deixe tonta.

Só quero isso e nada mais.

sexta-feira, julho 27, 2007

“Se você tem uma idéia incrível, é melhor fazer uma canção...”*

A vontade humana é interminável. Um desejo realizado leva a uma satisfação momentânea e logo depois ao tédio. E então vem outro desejo e mais outro e chega a dor da não realização. Até que se realizam. E vem a satisfação momentânea e logo o tédio. Então desejamos mais. E mais. E vem a dor da não realização. E a vida é uma eterna busca. Uma corrida desenfreada, enlouquecida e interminável. Estamos sempre atrás. Sempre ao menos um passo atrás do que queremos. E é isso que nos move. O desejo. A força do sonho.

Pra que não reste nenhuma dúvida:
“Gosto dos que tem fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem”
(Calcanhoto – Senhas)

*Caetano – Língua