quinta-feira, junho 23, 2005

É isso e não tem jeito

Gosto. De você. Do seu gosto. Do seu corpo. Do jeito que eu sou com você. Do jeito que me trata. Que me faz rir. Do jeito que anda. Leve leve. Como se pesasse menos que plumas. Meio garça meio felino. De um jeito que espreita, mas com graça. Gosto desse sorriso que me dá. Sacana. Maroto, nesse seu linguajar antigo. E lindo lindo. Gosto. De você. É isso.

terça-feira, junho 21, 2005

É tudo que tenho

"Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência."
(Pablo Neruda)

Paciência pra pescar um pedacinho de luz que seja. Um pedacinho que ao menos ilumine. Nada que seja (nada é tudo que temos). Que acreditemos em alguma coisa. Alguma coisa que faça valer a pena. Nada que seja.
Nada é tudo que temo.

segunda-feira, junho 13, 2005

A vida é cheia de som e fúria

A vida está sempre nos propondo superação. De medos, de preconceitos, de amores, de ilusões. Então ela perde a mansidão e se mostra inteira. Real. Sem qualquer máscara que a torne um pouco mais doce, não. Sem subterfúgios, sem disfarces. Real. Inegável. E precisamos tempo, para que tudo pareça mesmo real. Para descermos do sonho. Tempo. Para redescobrirmos o amor. Tanto o que sentimos como o que sentem por nós.

Dê-me tempo, vida.

Dê-me amor.

quarta-feira, junho 08, 2005

“Como é chato lidar com os fatos. O cotidiano me aniquila.” *

Como me aniquila essa vida parada, à espera do futuro. Vai me dizer que o amanhã começa no hoje; que se deve plantar antes de esperar a colheita... Sim, sim. Estou por dentro dos clichês. Não tenho dúvidas de que nada brota sem sementes. Mas o que é que há? Não posso ficar de saco cheio do período entre-safras? Não posso querer margaridas fora da estação?

Pois bem! Quero margaridas fora da estação! E se possível rosas, crisântemos e essas flores todas que eu não sei o nome!

*Clarice Lispctor, Água viva

quarta-feira, junho 01, 2005

Shall we dance?

Acho que é porque sou grande demais, falo alto. E tenho os gestos largos e a gargalhada frouxa. Acabo passando essa impressão de mulher crescida, segura de si.

Mas é que esquecem de olhar os olhos. Sempre assim, meio mareados. Sempre prontos pro choro. Mesmo que por um motivo qualquer, bobo que seja. Ou por uma coisa de todo dia que de repente reparo de novo, como se fosse a primeira vez.

Esquecem de olhar o entusiasmo fácil por o que quer que faça o coração bater mais depressa (ou até parar por um breve tempo). Como se só existisse o hoje. Como se nenhuma possível conseqüência pudesse fazer algo deixar de valer a pena.

Esquecem de olhar no canto da festa, aquela menina um tanto perdida, que ninguém tira pra dançar...