
"Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões"
(Caetano)
Quando e como se originou a linguagem já é questão praticamente fora da análise da filosofia da linguagem. Não somente pela impossibilidade de uma resposta satisfatória, mas pela percepção de outros campos de estudo tão ou mais instigantes.
A linguagem, a priori, pode ser confundida com um mero instrumento de comunicação. Mas não. Ela possibilita a abstração, a vida além do mundo físico. Além de nomear o mundo em redor, ela é a responsável pelo devaneio, pelo onírico. O ponto de encontro entre a realidade e o sonho é a linguagem, que faz ambos possíveis.
A capacidade de expressão com o mínimo de discrepância entre o que se pretende e o que se consegue, e nisso está também incluso o que se pretende dizer por entrelinhas, é também condição para que se compreenda tanto o mundo como a si próprio.
Por isso leitura e literatura. Pra lapidar ao máximo essa capacidade, aumentando nosso entendimento de mundo, de vida, de tudo.
Mas cuidado que isso traz uma satisfação que não é exatamente sinônimo de felicidade.