Um camelô. Uma baiana diretamente da Rocinha, com um carregado sotaque carioca, oferece acarajé aos transeuntes. Seria só mais uma barraca vendendo algum tipo de comida, não fosse a comida o acarajé.
Aquele cheiro que lembra aquele gosto que saliva a boca. Remete à Bahia. Minha viagem à Bahia, onde o acarajé quente, muito quente foi o principal meio de subsistência do corpo. E agora, numa esquina em pleno Largo da Carioca no Centro do Rio, me invade esse cheiro de tantas boas lembranças.
Fosse milho cozido, churros, chocolate dos mais variados, resistiria. Mas esse cheiro e esse gosto me fazem esquecer as incontáveis calorias presentes naquele pequeno prazer que me espera.
Num rápido diálogo com a baiana da Rocinha se estabelecem os critérios da relação comercial de compra e venda. E cá estou num banco de praça, as mãos sujas, a boca suja, a consciência pesada pelos quilos a mais e uma felicidade indescritível que só um acarajé poderia me proporcionar.